As Fotos abaixo foram retiradas do site 1000imagens.com, onde podemos ver alguns tipos de fotografia. As fotos foram escolhido por mim cada uma por sua peculiaridade, seja ela pela sua simplicidade, naturalidade, contraste, grandeza ou beleza.
Nú - Foto de Paulo Cesar
Noturno - Foto de Jorge Marreiros
Natureza Morta - Foto de Carlos Neves
Moda - Foto de Pedro Moreira
Macro - Foto de João Cerveira Santos
Humor - Foto de Ana Filioa Scarpa
Grafismo - Foto de Mario Hipolito
Vida Selvagem - Foto de Luis Louro
Viagem - Foto de Fernando Quintino Estevão
Transpote - Foto de Ramarago
Retrato - Foto de David Caretas
Preto e Branco - Foto de Carlos Neves
Pôr do Sol - Foto de José Pinto
Pessoas - Foto de Pedro Olivença
Paisagem Natural - Foto de David Ligeiro
Paisagem Humanizada - Foto de Inácio Freitas
Nascer do Sol - Foto de Fátima Silveira
Fotojornalismo - Foto de José Carlos Monica
Fotografia Subaguática - Foto de Antonio Tavares
Fotografia Conceitual - Foto de Rui Bento Alves
Flora - Foto de José Gama
Espetáculo - Foto de Carlos Neves
Documental- Foto de Mario de Sousa
Desporto - Foto de Susana Ferreira
Arte Digital -Foto de Pedro Ramos
Arquitetura- Foto de João Castela Cravo
Animais - Foto de Paulo Feitais
Água - Foto de Hugo Amador
Abstrato - Foto de João Parassu.
8 comentários:
Henri Cartier-Bresson
Fotografar é recortar um determinado espaço em uma específica fração de tempo. Os grandes fotógrafos são aqueles que conseguem ultrapassar essas limitações, fazendo com que essa determinada imagem transcenda molduras e retenha o tempo em seu momento mais preciso. Henri Cartier-Bresson, que morreu na última segunda-feira aos 95 anos de idade, explicou em certa ocasião: "fotografar é uma questão de colocar o olho, o coração e a mente na mesma linha de visão".
Cartier-Bresson foi um mestre na combinação entre a intensidade emocional das imagens que fotografava e o apuro estético e formal de seus enquadramentos. Um exemplo: a foto que ilustra este post, que retrata crianças em Sevilha, Espanha, brincando em meio aos escombros da guerra. Seja em seus retratos de personalidades como Albert Camus, Marilyn Monroe ou Henri Matisse, seja ao fotografar anônimos em um piquenique às margens de um rio ou o beijo de um casal em um café parisiense, Cartier-Bresson se destaca pelo olhar apurado, capaz de extrair com naturalidade a poesia surgida a partir de seus jogos de luzes e sombras.
Ao ser entrevistado para um documentário sobre sua obra, Cartier-Bresson foi inquirido a respeito do momento decisivo de se registrar uma imagem. Com a palavra, o mestre: "A gente olha e pensa: Quando aperto? Agora? Agora? Agora? A emoção vai subindo e, de repente, pronto. É como um orgasmo, tem uma hora que explode. Ou temos o instante certo ou o perdemos, e não podemos recomeçar. O desenho é uma meditação, enquanto que a foto é um tiro. Você pode apagar um desenho e fazer outro, você não está lutando contra o tempo. Mas, com a fotografia, há um espécie de angústia constante, pelo fato de você estar presente em um momento que não mais se repetirá. Mas é uma angústia muito calma".
Escrito por Alexandre Inagaki em agosto 4, 2004 09:15 PM| TrackBack
13 de Agosto de 2007 08:45
Fotografia: a arte e a técnica
Entrevista concedida pelo fotógrafo Germano Schüür à revista Informativo Randon em outubro de 1986.
É final de ano, início de uma nova jornada. Vêm as férias, muito sol. Uma renovação toma conta das pessoas, com o verão e o calor. Isso nos sugere alegria, novo ânimo, cor. O que melhor do que fotografar esses momentos que serão, certamente, muito agradáveis ? Pensando nisso, procuramos o Professor Germano Schüür, biólogo, pós-graduado em Ecologia, e professor universitário, destacado artista do campo da fotografia no Rio Grande do Sul.
Em 1984, Germano coordenou a Mostra "1.° Clic Ecológico do Ambiente Gaúcho", promoção da Universidade de Caxias do Sul.
Ele fez várias mostras individuais de seus trabalhos, na Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu, em Caxias do Sul, e no Município de Nova Petrópolis, na serra gaúcha. Participou de diversas mostras coletivas.
No concurso "Imagem de Nova Petrópolis ", o professor Schüür conquistou os quatro primeiros prêmios, prova de seu talento fotográfico. Em julho/86 realizou Mostra Fotográfica "Nova Petrópolis in Farben " e em agosto último venceu o Concurso Grande Prêmio Fotografia "Fotografe o Castelo Dia e Noite", promovido pela Fundação Cultural Château Lacave, em Caxias do Sul.
Na matéria que segue, Germano nos dá algumas dicas muito interessantes sobre a arte e os segredos de fotografar.
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Informativo - Em fotografia, onde termina a técnica e começa a arte?
Germano - Entendo que a técnica em fotografia é um meio para chegar a um fim. Este fim, sem dúvida, é a produção da fotografia, considerada por alguns como a manifestação mais democrática da arte. Como em qualquer forma de expressão artística, seja na literatura, na música ou nas artes plásticas, procuramos comunicar o que sentimos através de diferentes técnicas, específicas para cada proposta, sem, entretanto, deixar que as mesmas prevaleçam e ofusquem a mensagem da obra.
Aqueles que encontram na fotografia apenas o resultado do desenvolvimento tecnológico dos equipamentos eletrônicos, óticos e químicos utilizados para a produção da fotografia, estão muito longe de entender o verdadeiro significado da arte fotográfica. Fotografia é a utilização de determinadas técnicas para codificar em imagem o mundo pessoal daquele que fotografa. E a foto arte exprime justamente isto, o sentimento do fotógrafo sobre as pessoas, a natureza e o mundo que o cerca.
Informativo - Pode-se ser um fotógrafo, aprendendo apenas a técnica, ou aquele algo mais de fotografias belíssimas que se vê transposto para a foto, é do interior do "fotógrafo"?
Germano - O equipamento básico do fotógrafo é a câmara que, por mais sofisticada que seja, simplesmente registra a luz que atravessa a objetiva no momento em que o disparador é acionado. Entretanto, é o fotógrafo que opta e seleciona o objeto e o conjunto de luzes que deverão ser fixados por sua máquina. Assim, a maioria das obras famosas e de primor artístico são fotos que testemunham a postura e a personalidade artística do fotógrafo frente à vida e não apenas o seu domínio e o seu conhecimento sobre os elementos técnicos da fotografia. Para tirar uma boa fotografia, em primeiro lugar é essencial sentir a emoção de viver e ter a criatividade de procurar todos os melhores recursos técnicos para poder registrá-la.
Informativo - Existe hora mais ou menos adequada do dia para fotografar?
Germano - Quem sabe diríamos que a hora mais inadequada para fotografar é ao meio-dia, quando o sol alcançou seu ponto mais alto, produzindo sombras muito contrastantes e nem sempre agradáveis em fotografias de ambientes ou pessoas. Durante o dia, a luz do sol vai mudando de direção, altura, cor e qualidade, modificando o aspecto de uma paisagem. Assim, no alvorecer, os primeiros raios de luz criam um conjunto de tons pastéis que ficam suavizados pela bruma característica deste horário. É um bom momento para se tentar explorar este tipo de iluminação. Por outro lado, no fim da tarde, quando o sol cai no horizonte e começa o crepúsculo, o céu se transforma, com tons cor-de-rosa, produzindo uma iluminação lateral que evidencia a textura e o relevo de uma paisagem além de proporcionar, sucessivamente, cores mais quentes - amarelada, dourada e avermelhada, até acontecer o ocaso. Durante estes poucos minutos a paisagem se altera sem cessar, proporcionando um sem número de possibilidades de se fazer uma boa fotografia.
Gostaria de registrar também que a fotografia feita com o sol totalmente encoberto cria condições ideais para uma proposta suave sem grandes contrastes. É indicada, principalmente, para tomada de pessoas.
Informativo - A qualidade da máquina e da lente têm quanto a ver com a qualidade da fotografia?
Germano - É evidente que o resultado do trabalho de um fotógrafo também está na dependência do equipamento utilizado para tal fim. Entretanto, como já disse, a fotografia não é só técnica e equipamento. É a somatória de muitos elementos. Muitas vezes. uma boa idéia associada à sensibilidade ou à sorte de encontrar o momento certo, pode produzir um bom trabalho, independentemente do equipamento que se esteja usando. Já vi muita coisa boa feita com câmaras modestas.
Informativo - Zoom, teles, tripés e todo o tipo de aparato que conhecemos. Como uma pessoa deve se orientar para adquiri-los? Tipos de lente, ótica, detalhes indispensáveis na aquisição do equipamento básico e do complementar. O senhor poderia ajudar nossos leitores ?
Germano - Deixemos de lado os acessórios e vamos encarar, em primeiro lugar, o indispensável, ou seja, a câmara fotográfica. Atualmente, as câmaras de 35mm, mono-reflex de objetivas cambiáveis são as mais recomendadas. Apresentam um espelho e um prisma que permitem ver a cena através da mesma objetiva que faz a fotografia. Assim, o fotógrafo vê exatamente o que está fotografando. Além disso, pela possibilidade de se trocar de objetivas, pode-se usar uma objetiva grande-angular para abranger uma porção maior da cena e uma teleobjetiva para aproximar objetos distantes. Por outro lado, este tipo de câmara admite uma série de acessórios para uso especial e sempre os resultados finais, que serão gravados no filme, podem ser vistos no visor da máquina.
Quanto aos acessórios recomenda-se a aquisição de uma objetiva grande-angular de 35mm e uma teleobjetiva de 135mm. Existem objetivas zoom que, apesar de serem menos luminosas, permitem regular a proximidade de um motivo sem necessidade de trocar a objetiva ou mudar de lugar, ou seja, com um único acessório passar de uma grande-angular para uma teleobjetiva. Entretanto, a objetiva normal de 50mm, para quem começa, possibilita o registro da imagem nas suas verdadeiras proporções.
Com relação a outros acessórios e aparatos fotográficos lembramos que é interessante a aquisição de um bom tripé que deve ser resistente, firme e permitir o máximo de ajustes de altura e de ângulo. A sua utilização se justifica quando necessitamos de exposições mais longas do que as normais. Não devemos esquecer do flash eletrônico que permite a realização de fotografia em condições críticas de iluminação, além de servir como luz de enchimento em situações especiais.
Além destes acessórios básicos, existem muitos outros com fins específicos como filtros dos mais diferentes tipos e funções - UV, Skylight, polarizador, de correção de cor, de efeitos especiais, de densidade neutra, etc. Na medida em que o fotógrafo sentir a dimensão da fotografia, começa a buscar a utilização destes recursos para corrigir ou acrescentar algo mais na sua proposta artística.
Informativo – Efeitos especiais do tipo que encontramos na capa desta revista, como podem ser obtidos? O senhor poderia nos enumerar e explicar algumas técnicas para eles?
Germano - Com relação à foto da capa, trata-se de um "sanduíche" de dois negativos. O primeiro consegui às 09 horas de uma manhã ensolarada de Florianópolis. Para isso recorri ao uso de dois filtros polarizadores que, quando cruzados, dão a tonalidade azulada que lembra uma vista noturna. O segundo obtive em minha residência quando fotografei uma bola de Natal apenas iluminada frontalmente por uma lâmpada e com o uso de um filtro de efeito especial - cross ou de estrela. A técnica do "sanduíche" consiste em juntar dois negativos, fazendo com que a imagem de um deles passe para as áreas de sombra do tema do outro negativo. A foto em questão dá idéia de criar uma fotografia que seria usada como mensagem de Natal e Ano Novo de 1986 quando apareceria o Cometa Halley o que, para nossa frustração, não aconteceu.
Existem muitos tipos de efeitos especiais em fotografia. Desde o simples passar vaselina sobre o filtro incolor ou colocar meia de mulher esticada na frente da objetiva para conseguir fotos de focos suaves, até fotos de dupla, tripla ou tetra exposições, que são bem mais difíceis de realizar, possibilitam uma variedade de fotografias que ficam na dependência da criatividade e originalidade de cada fotógrafo.
Informativo - Hoje, há um assunto muito "badalado" em termos de fotografia: os créditos ou direito autoral. Como o senhor se pronunciaria a este respeito?
Germano - A questão é tão séria que, recentemente. tivemos no Clube do Fotógrafo Amador uma reunião ordinária que tratou especificamente do assunto "direito autoral da fotografia". Para isso contamos com a presença do Professor Antonio Suliani, presidente da EDUNISUL (Associação das Editoras Universitárias da Região Sul) e estudioso sobre o assunto que conduziu, com muita competência, as nossas reflexões.
Naquela ocasião, ficou clara a preocupação dos fotógrafos em geral com seus direitos autorais, uma vez que atualmente existe uma verdadeira rapinagem e desrespeito com os direitos daqueles que fotografam profissionalmente ou de forma amadorística.
É com freqüência que encontro obras de minha autoria, que, no princípio foram cedidas para algum fim específico que justificasse a gratuidade, publicadas por terceiros sem minha permissão e mesmo sem qualquer citação do crédito que deveria constar próximo à margem da fotografia. É uma contravenção legal muito praticada no Brasil.
A lei brasileira que regulamenta os Direitos Autorais é a Lei 5.988 de 14 de dezembro de 1973. É o artigo 82 que trata objetivamente da utilização da obra fotográfica.
A Lei 5988/73 especifica que as obras fotográficas, desde que, "pela escolha de seu objeto e pelas condições de sua execução, possam ser consideradas criação artística", são obras intelectuais e , portanto, criações do espírito.
Para os que têm interesse sobre o assunto sugiro a obra de Bruno Jorge Hammes da Editora da Universidade. "Curso de Direito Autoral" que aborda, com muita propriedade, o direito do autor da fotografia.
Informativo - Há, em Caxias, um clube de fotógrafos amadores. Como se entra para este clube? O que este clube faz e qual a sua filosofia de existência? É de abrangência estrita a Caxias do Sul ? Troca relações com alguns outros clubes ou entidades nacionais? Fale-nos um pouco sobre o Clube do Fotógrafo Amador?
Germano - O Clube do Fotógrafo Amador de Caxias do Sul, fundado em 25 de setembro de 1980 e filiado à Confederação Brasileira de Fotografia e Cinema congrega pessoas aficionadas pela fotografia. Para explicar a sua filosofia ou, até melhor, o espírito de sua existência, permito-me citar um trecho de um folheto que em certa ocasião multiplicamos para a sua divulgação.
"No começo eram dois, eram cinco. E um vício comum, desses que fazem muito bem: a fotografia. Aos poucos, o grupo foi aumentando. Mais gente apareceu. Com certa timidez no início: eu vim só para ver, minha máquina não é grande coisa, minhas fotos não são boas, ainda tenho muito a aprender. A resposta: todos têm muita coisa a aprender.
Já ia longe a noite, quando alguém, dos mais viciados é claro, estourou com a idéia: quem sabe, vamos fundar um clube. Para reunir mais gente, discutir, estudar, trocar experiência. É aquela história da união faz a força. Todo o mundo topou. E foi criado o Clube do Fotógrafo Amador de Caxias do Sul, com sede e foro na cidade de Caxias do Sul, como diz o Estatuto.
Assim, já temos uma certa organização. Necessária. Somos pois, organizados, mas não muito. Porque isso não é fundamental. Fundamental é fotografia, que para nós é emoção, com formas, cores, texturas, luzes, sombras, surpresas, encantamentos e desencantos, como toda a emoção.
A fotografia é para nós uma forma de vivermos e registrarmos o nosso tempo, suas belezas e contradições, com a pretensão de sermos um pouco, ou bastante, artistas. Por isso, não vamos tirar o lugar de ninguém. Mas temos espaço para todos aqueles que têm o nosso vício, pequeno ou grande. Portanto, se você curte fotografia, se quer aprender, ou até ensinar, procure a gente. Não é necessário que você tenha um equipamento sofisticado: máquina e acessórios das melhores marcas. Nada disso importa. Mas você precisa ter a paixão. E o vírus da fotografia".
O clube fica na Rua Sinimbu, 985 apto 51 e nos reunimos todas as quintas feiras às 20h30min. Participamos de concursos nacionais e internacionais além de realizarmos inúmeros concursos internos. Promovemos excursões fotográficas, além de confraternizar com entidades assemelhadas de Porto Alegre. Atualmente temos sócios de Nova Petrópolis e Farroupilha, além dos caxienses. E só chegar.
Veja mais em:
http://www.confoto.art.br/artigos02.htm : Como guardar minha imagem digital
http://www.confoto.art.br/fc_cfacs.htm : Um clube que ressurge com sangue novo
http://www.photographia.com.br/seculo.htm : Paixão de quatro gerações - Família perpetua ofício de fotógrafo
13 de Agosto de 2007 09:39
Mistério da fé
O cearense Tiago Santana expõe trabalhos publicados no livro Benditos, sobre a devoção dos romeiros de Juazeiro do Norte
Ivan Claudio
Tiago Santana
Tumba do Padre Cícero: transe religioso retratado sem obviedade através de ângulos pouco comuns e tonalidade contrastada
Muita gente já documentou a cidade sagrada de Juazeiro do Norte, no Ceará. Mas poucos chegaram tão perto de sua mística como o fotógrafo cearense Tiago Santana, 34 anos, um dos grandes jovens talentos da fotografia brasileira. Por oito anos, ele voltou suas lentes para o município onde viveu o mítico Padre Cícero e agora o revela em 70 belíssimas fotos no livro Benditos (Tempo D’Imagem, 160 págs., R$ 60) e na exposição homônima, em cartaz no Sesc Pompéia, em São Paulo, dentro do 5º Mês Internacional da Fotografia. Natural de Crato, a sete quilômetros de Juazeiro do Norte, destino anual de multidões de romeiros e peregrinos, Santana conviveu desde pequeno com a riqueza das festas religiosas. De sua avó, Neli Sobreira, que conheceu o Padre Cícero “ainda meninota”, costuma ouvir histórias de milagres e devoção. “Tudo isto ficou muito marcado na minha cabeça. A decisão de me tornar fotógrafo foi devido a Juazeiro. Queria dar a minha interpretação daquele lugar”, afirma Santana, há seis anos morando no Rio de Janeiro.
Para retratar o universo dos fiéis, com seus chapéus de palha e rosários no pescoço, o fotógrafo optou pelo preto-e-branco contrastado, que reproduz a luz dura do sertão nordestino e incorpora a dualidade sagrada e profana das xilogravuras do cordel. Ele também trabalhou com lente grande angular, que, entre outros recursos, permite ao fotógrafo chegar bem perto do retratado – às vezes um penitente que pede a graça tocando a estátua do padre famoso, outras um pagador de promessas trajado de preto. Santana quis, assim, se afastar da documentação óbvia, evitar o burburinho das multidões e traduzir um pouco do pacto de cada um com o sagrado.
Tiago Santana
Peregrinos
Compulsão – Como parte de seu objetivo, viajou até de pau-de-arara com os romeiros, em jornadas de 40 horas. “São cento e tantas pessoas sentadas na carroceria, cantando os benditos com alegria, uma gente que não tem por que ser tão alegre e generosa.” Ele perdeu a conta de quantas viagens fez à cidade entre 1992 e 1999, período no qual se dedicou ao trabalho. A exposição, que tem curadoria de Rosely Nakagawa, foi lançada em outubro do ano passado no Centro Dragão do Mar, em Fortaleza, e também está em cartaz em Liége, na Bélgica. Ao todo, foram mais de quatro mil fotos para chegar à seleção das 70 finais. “Sou compulsivo, vou fotografando e às vezes nem sei o que fiz.” Basta ver seus trabalhos e constatar que Tiago Santana mergulhou em outro transe, o da revelação dos mistérios da fé.
"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicaveis"
Marcos Vieira disse...
Em busca do Território Perdido
Os caminhos da fotografia são muitos e sua história marcada por inúmeras bifurcações. Por ser imagem realística anteriormente jamais conseguida, a imagem fotográfica angariou para si um estatuto de persuasão indiscutível até bem avançado o século XX. Desde o momento em que se convencionou reconhecer sua invenção até hoje uma das mais recorrentes possibilidades
de territorialização da fotografia calcou-se na crença em sua ontologia especular, o que lhe traria estreitas afinidades com funções de caráter documental como o fotojornalismo e a ciência. Entretanto, paralelamante a esta vocação historicamente convencionada, as relações da fotografia com a arte sempre foram tema de debates constantes, apesar dos inúmeros
preconceitos que nortearam esta discussão. O estatuto inicial da fotografia, colado ao avanço do positivismo científico e à era industrial, contribuiu com o fato de ela não ter sido levada a sério como arte no século XIX. Mesmo em Baudelaire, o pai ancestral da modernidade artística, vamos perceber restrições quanto ao poder estético da fotografia diante de sua origem subsidiária à máquina. A conquista de um espaço mais marcamente artístico pela imagem fotográfica se deu no envolvimento com a pintura, imitando-lhe os efeitos. Muito disso se deve a movimentos como o academicismo e o pictorialismo, experimentos que buscaram muito mais a capacidade da fotografia em aproximar-se mimeticamente da pintura, como manifestação primordial das artes no século XIX, do que trataram de sua especificidade.
Coube às vanguardas artísticas em seu ímpeto renovador, a possibilidade de reavaliação de todo o campo artístico, introduzindo uma sensibilidade mais acurada para outros recursos visuais vinculados ao mundo moderno e ao cotidiano fortuito do homem comum. As artes das massas, como a fotografia e o cinema nascente, ganham relevância e passam a ser incluídas nas pesquisas artísticas. A Bauhaus, o surrealismo e as experiências dadá têm muitas contribuições neste direcionamento. Com estes movimentos, a fotografia é investigada como rompimento frente às imposições pictóricas que a haviam influenciado e mesmo limitado o seu avanço. Os artistas da Bauhaus fazem usos inusitados da imagem através de sobreposições, fotomontagens e diferentes enquadramentos fotográficos como recursos específicos da fotografia. O surrealismo, por sua vez, percebe na imagem fotográfica a possibilidade de analogias com a noção de escrita automática, considerando o olho da objetiva também ele um disparo que traz à tona elementos que remetem ao mundo inconsciente. Com o dadaísmo, por outro lado, realizam-se pesquisas que acabam chegando à possibilidade de compreender a fotografia tanto como trama ficcional quanto como traço ou rastro da realidade. Em todos estes movimentos, percebe-se haver uma reavaliação da imagem fotográfica, indo além do meramente documental e ultrapassando, em muito, as demarcadas fronteiras da fotografia como recurso auxiliar da atividade artística.
A partir do segundo pós-guerra, com o questionamento dos valores centrais do Sistema das Artes, aparecerá um uso bem mais ampliado da fotografia nas artes visuais, demarcando a consolidação de um território de relevância inconteste para a experimentação e reflexão sobre a imagem no mundo contemporâneo. A discussão, já em desuso, sobre o estatuto artístico da fotografia volta à tona, quando a arte parece confundir-se com o fotográfico. Opera-se uma passagem que se configura a partir da visão da fotografia enquanto arte para a visão da arte enquanto fotografia. Em tendências absolutamente diferentes, como as experiências neo dadás ou as apropriações da imagem midiática pela arte pop ou, ainda, a partir do princípio documental da imagem fotográfica nas investigações de caráter processual conceitualistas, haverá uma introdução mais agressiva - e talvez definitiva - da fotografia na arte contemporânea. Se nos anos 1960/70 a fotografia é vista ainda como coadjuvante dos processos artísticos, nos anos 1980/90 ela se configura como obra em si, latência que, entretanto, já aparecia nos primórdios da experiência conceitual.
A exposição Um Território da Fotografia não tem a pretensão de fazer um mapa exaustivo das pesquisas contemporâneas relacionadas à imagem fotográfica. Trata-se de uma primeira amostragem da cena local, considerando os últimos dez anos, em que a fotografia e suas infinitas possibilidades se imbrica ao amplo leque de experimentações que caracteriza a arte contemporânea. É, portanto, uma possibilidade de reflexão em curso, uma vez que a recorrência da fotografia em inúmeras mostras, salões e pesquisas artísticas, também vem se apresentando em Porto Alegre, como em outras cidades do país e do mundo. Estabelecendo um olhar sobre esta produção local, pretendemos colaborar para o reconhecimento deste território, expondo, ao mesmo tempo, sua vitalidade e pertinência em consonância com a cena internacional contemporânea que vem se debruçando sobre o campo expandido da imagem. Se a fotografia não é a única linguagem à disposição da arte contemporânea, na diversidade de escolhas para trabalhar com a imagem, ela ainda se coloca, entretanto, em estado de proeminência diante de outros recursos à disposição dos artistas.
Por ser a pluralidade um dos aspectos centrais da produção artística contemporânea, esta exposição busca traçar um mapa bastante diferenciado das pesquisas locais. No grande número de artistas convidados há a preocupação de traçar um leque variado de possibilidades quanto à experimentação da fotografia. Radicalizando o legado das vanguardas, a imagem fotográfica se vê, na contemporaneidade, atravessando fronteiras que não se limitam mais somente à sua condição especular. Nessa perspectiva, aparecem experimentações que se aventuram em subterritórios ou zoneamentos diferenciados. Sem a preocupação de estabelecer uma hierarquia, nesta exposição pretendemos apontar dez destes subterritórios, mesmo cientes de que não existam entre os artistas convidados, processos poéticos estanques, mas investigações processuais que oscilam em sua territorialização, podendo tangenciar diferentes propostas de localização que ultrapassam qualquer classificação.
Um primeiro zoneamento ou subterritório é o da relação imagem e espacialização: nesta situação a fotografia é vista como signo que ganha o espaço, seja através da imagem projetada, seja através da imagem como percurso espacial fragmentário ou experiência individual do espaço. Num segundo zonemento temos as passagens de linguagens, onde a imagem fotográfica atravessa diversos meios, desde a impressão digital, o plano pictórico ou até mesmo a possibilidade de constituir-se como objeto. Uma terceira possibilidade é a das atitudes gráficas via imagens, na composição de serialidades ou mesmo fotomontagens, dando lugar a jogos de linguagem. Num quarto subterritório aparecem aquelas experiências em que a imagem fotográfica é tomada como origem ou modelo para o trabalho artístico, quando a pintura é claramente subsidiária da imagem fotográfica. Num quinto zonemanto, aparece a criação assumida de ficções cotidianas, como elementos questionadores do poder especular e persuasivo da imagem fotográfica. O sexto subterritório é aquele da demonstração do processo artístico, este acontecendo como imagem/pensamento em artistas filiados à herança conceitual. O sétimo é o das construções poéticas a partir da própria imagem, onde esta última, apesar de elemento central, constitui-se em visão diferenciada sobre a imposição das regras retinianas convencionais. Num oitavo subterritório percebemos as ressemantizações da imagem pré-existente ou, se quisermos, o uso de imagens de segunda-mão, tendência largamente utilizada no mundo contemporâneo em que a necessidade da memória e a poluição de imagens refaz uma espécie de arqueologia imagética. Uma nona possibilidade é a da imagem fotográfica como processo de desaparição, na qual os artistas criam estratégias de desorganização do referencial ortogonal da imagem no Ocidente. E, finalmente, um décimo subterritório é aquele da imagem obtida a partir da investigação e intervenção no processo fotográfico.
Contar um pouco da história recente da fotografia neste território específico, o da arte contemporânea, desdobrado a partir dos subterritórios ou zoneamentos do fotográfico acima mencionados, é pensar a respeito do próprio processo de autonomização da arte como fotografia.
Como se vai perceber, boa parte da produção contemporânea envolvendo a fotografia não está interessada na noção de autoria, advinda de um fazer técnico apurado, ainda que isto não seja algo, necessariamente, rechaçado.
Entretanto, a compreensão do signo fotográfico e a presença da imagem no mundo parecem ser necessidades bem mais flagrantes nas investidas do artista contemporâneo em direção à fotografia. Esta se torna pensamento a respeito das inquietudes da era pós-industrial, cenário em que estamos a todo momento sendo postos à prova na convivência obrigatória com os
estímulos visuais que dão lugar a verdadeiros redemoinhos imagéticos.
Justamente por isso, a máquina fotográfica, como instrumento que tem sua lógica própria, com regras fixas, é tomada como campo de experimentação, cujas imposições técnicas cabem ao artista subverter. No território da arte contemporânea, a fotografia ganha outra vida quando posta em contato com a tinta, com o lápis, com o texto, com a espacialidade, enfim, com a discussão de sua ontologia de processo físico químico e de signo cultural que tem contato tênue com a realidade.
Alexandre Santos e Maria Ivone dos Santos
Curadores - Junho de 2003
Dia Mundial da Fotografia
19 DE AGOSTO
Por Enio Leite
Focus Escola de Fotografia
www.focusfoto.com.br
www.escolafocus.net
Foi numa manhã, mais precisamente no dia 19 de agosto de 1839, que a fotografia se tornou de domínio público em território francês. O anúncio oficial foi feito na Academia de Ciências e Artes de Paris, pelo físico François Arago, que explicou para uma platéia espantada os detalhes do novo processo desenvolvido por Louis Jacques Daguerre. O físico apresentava e doava ao mundo o daguerreótipo.
Naquele momento o ato parecia uma mágica. Uma caixa escura, ferramenta capaz de captar e fixar numa superfície o mundo "real".
Dizem as lendas que em seguida à cerimônia várias pessoas saíram as ruas em busca de uma máquina de fazer daguerreótipos e essa vontade de produzir imagens nunca mais cessou.
Daguerre não perdeu tempo. Antes de doar seu invento a França já havia patenteado o mesmo nas Ilhas Britânicas, Estados Unidos e nos quatro cantos do mundo.
"De hoje em diante, a pintura está morta" declarava o pintor Paul Delaroche. Nos círculos mais conservadores e nos meios religiosos da sociedade, "a invenção foi chamada de blasfêmia, e Daguerre era condecorado com o título de "Idiota dos Idiotas''".O pintor Ingres, ainda que utilizasse os daguerreótipos de Nadar para executar seus retratos, menosprezava a fotografia, como sendo apenas um produto industrial, e confidenciava: "a fotografia é melhor do que o desenho, mas não é preciso dizê-lo".Baudelaire, um dos mais expressivos representantes da cultura francesa, negava publicamente a fotografia como forma de expressão artística, alegando que "a fotografia não passa de refúgio de todos os pintores frustrados", e, sarcasticamente, celebrava a fotografia "como uma arte absoluta, um Deus vingativo que realiza o desejo do povo... e Daguerre foi seu Messias... Uma loucura, um fanatismo se apoderou destes novos adoradores do sol!”.Com estas declarações, Baudelaire refletia o impacto causado pela fotografia na intelectualidade européia da época”.
Um artigo publicado no jornal alemão Leipziger Stadtanzeiger, ainda na última semana de agosto de 1839, ajuda a compreender melhor este confronto:"Deus criou o homem à sua imagem e a máquina construída pelo homem não pode fixar a imagem de Deus. É impossível que Deus tenha abandonado seus princípios e permitido a um francês dar ao mundo uma invenção do Diabo".(Leipziger Stadtanzeiger ,26.08.1839,p.1)A nova concepção da realidade conturbou o mundo cultural e artístico europeu. Como entender que a fotografia viesse para ficar, a não ser em substituição das tradicionais formas de representação? Já se havia gasto vãs sutilezas em decidir se a fotografia era ou não arte, mas preliminarmente, ainda não se perguntara se esta descoberta não transformava a natureza geral da arte e da cultura.
A nova invenção teve importância mais filosófica do que científica. Nasceu dentro do germe da sociedade industrial e a partir desta data o mundo nunca mais foi o mesmo
REPASSE PARA SEUS COLEGAS...MARCOS VIEIRA
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM715942-7823-AS+IMAGENS+ETERNAS+DE+HERCULE+FLORENCE,00.html
Esse link é uma reportagem maravilhosa....Marcos Vieira
Pioneiro da fotografia
Clique na imagem e veja a materia completa no Jornal da Globo
19 de agosto é o Dia Internacional da Fotografia, e hoje vou reproduzir uma materia muito interessante, sobre um francês, um dos pioneiros da fotografia, que morou no Brasil.
Você vai conhecer um dos menos conhecidos e mais importantes pioneiros desta técnica; ele era francês e viveu no Brasil. Suas descobertas tornaram possível um sonho do século dezenove: eternizar imagens em papel.
Para entender essa história, é preciso fazer uma viagem no tempo. A primeira fotografia foi feita em 1826, na França, por Nicephore Niépce: era um retrato de telhados vistos da janela.
Louis Daguerre e Hippolyte Bayard continuaram os experimentos na França. Na Inglaterra, Fox Talbot tinha a mesma obsessão.
E em Campinas, no interior de São Paulo, um artista e cientista autodidata também fazia suas descobertas. Era outro francês, Hercules Florence.
“A fotografia não foi inventada por um único homem. Foi inventada pelo Niépce, foi reinventada pelo Daguerre, foi inventada na Inglaterra pelo Talbot e nas Américas pelo Hercules Florence", conclui o historiador Boris Kossoy.
Florence nasceu em Nice, na França e chegou ao Brasil em 1824, aos 20 anos. Aventureiro, ele queria dar a volta ao mundo, mas ficou por aqui; cedeu aos encantos do Brasil, que desenhou durante a expedição Langsdorff – um botânico alemão que comandou um grupo do rio Tietê ao Amazonas.
“Na expedição ele teria começado a pensar que deveria haver uma máquina que registrasse todas as figuras rapidamente. Ali, então, eu acho que começou alguma coisa na mente dele", acredita Tereza Cristine Florence, trineta de Hercules.
No início do século 19, em diferentes partes do mundo, vários pesquisadores tentavam eternizar a imagem. Parte do processo já era conhecida; faltava aperfeiçoar a técnica e descobrir como fixar a imagem no papel. Em seus manuscritos, Hercules Florence conta que utilizou amoníaco para esse fim.
Também foi ele quem usou, pela primeira vez na história, a palavra “fotografia”: do grego, ‘foto’ quer dizer luz; ‘grafia’, impressão. Isso foi em 1834.
"É bem provável que se possam fotografar desenhos de uma maneira pela qual apresentem prateados em campos coloridos", escreveu Florence. Só cinco anos mais tarde, a palavra seria empregada na Europa.
Em 1839, Daguerre descreveu minuciosamente seu processo de registro da imagem. Distante do centro do mundo, Florence pagou o preço do isolamento, quando soube pelos jornais da descoberta do conterrâneo.
“Ele descreve nos manuscritos, que ele sentiu um tremor, uma tontura, e ele quase veio a desmaiar. Ele esperava ainda ter um reconhecimento, ter o privilégio da invenção. Realmente, aquilo foi muito forte”, conta a bisneta do inventor, Leila Florence.
Hoje, Florence é citado na bibliografia internacional entre os pais da fotografia. Mas isso levou quase um século e meio pra acontecer: em 1976, a pedido do fotógrafo e historiador Boris Kossoy, químicos repetiram nos Estados Unidos as experiências descritas nos manuscritos, e provaram a história que ainda é pouco conhecida no Brasil.
“Naquele momento se considerava a Europa como centro da civilização, tudo partia de lá. Como é que isso vai acontecer também no Brasil? Então, tem gente que não consegue engolir essa história”, diz Kossoy. “Mas ela está documentada, e está cada vez mais divulgada”.
Muito bom....mesmo!!Adorei o blog.%)
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